Suspensão da caça de javalis: Secretário de Agricultura destaca os impactos e faz apelo à revisão da medida
Decisão do Ibama desperta temores sobre impactos econômicos e de saúde pública no estado
Nesta quinta-feira, o Jornal da Guarujá conversou com Valdir Colatto, Secretário de Estado da Agricultura, sobre uma questão que tem inquietado os produtores rurais em Santa Catarina: a proliferação de javalis. Esses animais, listados entre as 100 espécies exóticas invasoras mais prejudiciais do mundo pela União Internacional para a Conservação da Natureza, têm se tornado uma fonte recorrente de preocupação para o setor agrícola e pecuário.
Os efeitos da disseminação e do crescimento populacional dos javalis têm sido particularmente sentidos na agricultura, onde causam impactos significativos por meio da predação de lavouras, resultando em prejuízos econômicos substanciais. Principalmente em culturas como milho, soja e pastagens, a interferência desses animais tem gerado desafios consideráveis.
Contudo, a situação foi agravada pela decisão preventiva do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de suspender as autorizações para abate de javalis nas modalidades de caça ativa, ceva ou espera. Essa medida levantou preocupações no meio rural e motivou a Secretaria de Estado da Agricultura a emitir a Nota Técnica 005/2023. O secretário Valdir Colatto alertou que essa decisão pode acarretar enormes prejuízos tanto para a economia quanto para a saúde pública.
A nota técnica, assinada pelo secretário, enfatiza que cerca de 50.000 javalis foram abatidos em Santa Catarina nos últimos 12 meses, evidenciando a magnitude do desafio. Além disso, destaca que o estado é o maior produtor e exportador brasileiro, alcançando um recorde nas exportações com 602,1 mil toneladas, gerando 1,4 bilhão de dólares em divisas no ano passado.
O javali, juntamente com o javaporco, tornou-se uma das pragas agrícolas mais devastadoras globalmente. O secretário enfatizou que em Santa Catarina, assim como em outros lugares, esses animais causam danos consideráveis em propriedades rurais, desde pequenas a grandes. Algumas propriedades têm até mesmo a necessidade de cercas elétricas para conter esses animais vorazes.
Colatto explicou que o javali é um animal onívoro, alimentando-se de plantas e animais, inclusive atacando seres humanos, e também é portador de doenças como febre aftosa e a peste suína. Para controlar essa ameaça, Santa Catarina conta com cerca de 6 mil controladores voluntários. No entanto, a suspensão da caça pelo Ibama trouxe preocupações substanciais.
O secretário de Agricultura reforçou a necessidade urgente de continuar com o Programa Nacional de Combate ao Javali, enfatizando que o governo precisa rever a decisão. Caso contrário, os danos à agricultura e à saúde pública podem ser irreparáveis. “O javali tem que ser controlado, no contrário, nós vamos ter aí problemas seríssimos, não só nos estragos físicos nas lavouras, mas principalmente se tiver aí a transmissão aftosa, ou da peste suína, que é o javali o portador, e ele está sem controle da natureza”, destacou.
A suspensão da caça de javalis não apenas afetará fisicamente as lavouras, mas também pode ter impactos sérios na transmissão de doenças. Colatto enfatizou a importância de manter esse programa ativo. “O nosso pedido é que o governo reveja essa posição e deixe o Programa Nacional de Combate ao Javali continuar vigente, que ao menos ele está aí tendo um certo controle do javali em Santa Catarina”, finalizou.
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