Cigarros eletrônicos: Polícia Científica e UFSC descobrem octodrina e lança alerta sobre riscos
Entrevista com o Superintendente de Polícia Científica em Joinville, João Leonardo Barneche
A Polícia Científica de Santa Catarina, em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), divulgou recentemente um estudo que revela a presença de uma substância perigosa em cigarros eletrônicos, popularmente conhecidos como vaper ou pods. A pesquisa identificou a octodrina, uma substância estimulante do sistema nervoso central, em produtos que alegam ser uma alternativa mais segura ao tabaco.
Em entrevista ao Jornal da Guarujá, o Superintendente de Polícia Científica em Joinville, João Leonardo Barneche, explicou os detalhes do estudo e os potenciais riscos associados aos dispositivos de vaporização.
“Esse tema desperta muita curiosidade e, frequentemente, é alvo de debates sobre a segurança dos cigarros eletrônicos. A ideia de que eles podem ser uma solução para abandonar o tabagismo ou menos prejudiciais do que os cigarros tradicionais é um mito.”
A pesquisa realizada pela Polícia Científica e pela UFSC focou na análise dos componentes químicos presentes em cigarros eletrônicos apreendidos. Os resultados revelaram a presença de octodrina, também conhecida como dimetilhexilamina (DMHA), uma substância com propriedades semelhantes às anfetaminas. A octodrina não é declarada nas embalagens dos produtos e pode causar efeitos adversos significativos à saúde, como problemas cardiovasculares e dependência.
Barneche explica que “a octodrina, encontrada nos cigarros eletrônicos, é um potente estimulante do sistema nervoso central, e seus efeitos podem ser tão prejudiciais quanto os do tabaco convencional. Além disso, a falta de controle de qualidade nos produtos pode resultar na presença de outras substâncias nocivas.”
O superintendente ressalta que a comercialização de cigarros eletrônicos no Brasil não é regulamentada pela Anvisa, o que aumenta o risco de consumo de produtos adulterados e potencialmente perigosos. “A ausência de regulamentação permite que substâncias perigosas sejam adicionadas aos produtos, potencializando os riscos à saúde”, alerta.
Sobre a segurança dos cigarros eletrônicos, Barneche afirma que a ideia de que são uma alternativa menos nociva ao tabaco não é sustentada por evidências científicas. “É importante esclarecer, especialmente para os jovens, que os cigarros eletrônicos não são uma opção segura. Eles podem ser tão prejudiciais quanto os cigarros tradicionais, podendo causar câncer, doenças cardíacas e acidentes vasculares cerebrais.”
O estudo também revelou que a octodrina pode levar a dependência e causar desidratação severa, um efeito colateral potencialmente fatal. Barneche destaca que “os estudos ainda estão em fase inicial, e novas pesquisas são necessárias para entender completamente os riscos associados a essa substância.”
Para o futuro, a Polícia Científica continuará a investigar e colaborar com instituições acadêmicas para aprofundar o conhecimento sobre os riscos dos cigarros eletrônicos e outras substâncias potencialmente perigosas. “O próximo passo é intensificar as pesquisas para obter mais informações sobre os efeitos da octodrina e outras substâncias similares”, conclui Barneche.
Em um apelo final, o superintendente pede vigilância das famílias e conscientização dos jovens sobre os perigos dos cigarros eletrônicos. “É essencial que pais e responsáveis estejam atentos e evitem que seus filhos sejam expostos a esses produtos. A saúde e a segurança dos jovens devem ser prioridades”, afirma.
Confira entrevista completa