“Operação Mundare” e o combate ao crime em Laguna: Entrevista com o delegado Bruno Fernandes
A Polícia Civil de Santa Catarina, por meio da Delegacia de Investigação Criminal (DIC) de Laguna, deflagrou na manhã de segunda-feira, 8 de julho, a “Operação Mundare”. O objetivo da operação foi cumprir 29 ordens judiciais, sendo 20 mandados de busca e apreensão e 9 mandados de prisão, voltados para desarticular uma conhecida organização criminosa armada que atua na região.
A investigação teve início após um homicídio ocorrido na cidade de Laguna no dia 30 de abril. O delegado Bruno Pereira Fernandes, responsável pela DIC de Laguna, explicou ao Jornal da Guarujá na manhã desta quarta-feira, 10, os detalhes da operação.
“Essa operação, ela tem origem a partir de um homicídio que aconteceu na cidade de Laguna no dia 30 de abril, período da madrugada. Fazia alguns bons meses que a gente não tinha um homicídio na cidade e aí no decorrer dessa investigação se constatou que esse crime teria sido praticado por integrantes de uma organização criminosa e que estavam se articulando para realizarem outros crimes na cidade”, disse Fernandes.
De acordo com o delegado, a investigação revelou uma série de crimes cometidos pela organização. “Foi uma investigação mais aprofundada e no decorrer dessas apurações acabamos descobrindo outros crimes com relatos que essa mesma organização teria praticado em desfavor de outras pessoas de Laguna, mas que não chegam ao nosso conhecimento, como sequestro, tortura, enfim, a imposição da lei do terror nesses bairros mais críticos que existem em Laguna”, detalhou.
A operação “Mundare” foi planejada para trazer mais segurança para o bairro Vila Vitória, um dos principais locais de atuação da organização criminosa. Fernandes explicou que o número de mandados reflete a dificuldade encontrada para localizar os integrantes da organização: “Dois estão foragidos porque há uma mudança de endereços muito altos por parte desses integrantes. A polícia acaba tendo muita dificuldade em localizar, apurar e fazer um trabalho correto no levantamento de informações. Então, levantou-se e apurou-se diversos imóveis que eles poderiam estar, e apenas dois, até o momento, não foram encontrados.”
Sobre o andamento da investigação e a continuidade das ações, o delegado afirmou: “Ela continua, nós temos um prazo de 30 dias para a identificação completa de todos os integrantes que porventura tenham participado. A execução do crime já está bem clara para nós, já há indícios concretos em relação dos executores, mas como se trata de crimes vinculados à organização, a gente vai usar esse prazo de 30 dias, talvez até pedir uma prorrogação de mais 30, para tentar identificar todos, que talvez até por um intermédio de algum auxílio moral, tenham participado efetivamente na prática desse crime.”
A operação também contou com reforços de efetivos das cidades vizinhas, Imbituba, Tubarão, Pescaria Brava e do Núcleo de Operações com Cães. A Polícia Militar de Laguna também colaborou para garantir a segurança durante a operação. “Uma operação desse porte contou com reforço, tanto da Polícia Civil quanto da Polícia Militar que prestou todo um auxílio para que essa operação transcorresse tudo na normalidade e com a segurança para a própria população.”
“Nós apuramos no decorrer das investigações, que houve sequestro de pessoa para fins de torturar e impedir prestar algumas informações. Decapitação dois dedos de uma outra pessoa. Enfim, é praxe para que a própria polícia não consiga obter informações desses locais.”
A operação “Mundare” é um exemplo da atuação da Polícia Civil no enfrentamento ao crime organizado e na busca por mais segurança para as comunidades de Santa Catarina. “Cabe ao Estado a partir desse momento de desarticulação do grupo criminoso se impor na comunidade para que não deixe com que eles voltem ou retornem a liderar aquele ponto.”
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