Elaine Zuchiwski representa o IMA na COP16 e aborda estratégias para Santa Catarina
A 16ª reunião da Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP16) está em andamento em Cali, Colômbia, até 1º de novembro. O Jornal da Guarujá teve a oportunidade de conversar com Elaine Zuchiwski, engenheira agrônoma do Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA), sobre os principais temas em discussão e suas implicações para o Brasil, especialmente para Santa Catarina.
Durante a COP16, os governos estão revisando pela primeira vez a implementação do Marco Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal, que busca alinhar as Estratégias e Planos de Ação Nacionais para a Biodiversidade (EPANBs) com as novas metas estabelecidas. Segundo Elaine, a participação do IMA na COP se dá através da ABEMA (Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente), que representa os órgãos de meio ambiente dos estados no Brasil, mas ressalta que apenas o governo federal está envolvido nas negociações diretas.
“Embora os estados não participem das negociações, percebemos um movimento de descentralização na implementação das metas. Isso significa que as responsabilidades estão sendo divididas entre diferentes níveis, incluindo os subnacionais, que são os estados e municípios no Brasil”, explicou Elaine. Este movimento é fundamental, pois as novas metas de conservação estabelecidas em Montreal incluem a ambição de conservar e recuperar 30% dos ecossistemas relevantes até 2030, um objetivo que pode impactar diretamente políticas e práticas ambientais em Santa Catarina.
Elaine destacou que Santa Catarina já possui várias unidades de conservação, e o desafio será analisar se essas áreas estão contribuindo para a meta de 30%. “Precisamos avaliar tanto a quantidade quanto a qualidade desses ambientes para garantir que eles sejam eficazes na conservação da biodiversidade e na oferta de serviços ecossistêmicos, como a regulação do clima e a provisão de água”, afirmou.
Sobre como Santa Catarina pode se beneficiar das estratégias de financiamento em cooperação internacional discutidas na COP16, Elaine ressaltou que, embora o estado não participe das negociações financeiras, a pressão para que mecanismos de financiamento para conservação de biodiversidade sejam efetivos está crescendo. “As grandes empresas também têm um papel importante, pois podem contribuir por meio de programas de incentivos voluntários e compromissos legais”, disse.
Por fim, a engenheira agrônoma compartilhou suas impressões sobre a segurança em Cali, uma preocupação dada a recente escalada de violência na região. Apesar das ameaças, como a declaração de facções armadas que desencorajaram a participação na COP, Elaine afirmou que a segurança do evento é rigorosamente reforçada, com policiamento constante e medidas de segurança no acesso ao local. “Embora haja um clima de preocupação, os esquemas de segurança têm sido eficazes, proporcionando um ambiente seguro para os participantes”, concluiu.
A COP16 não só representa uma oportunidade de discutir a biodiversidade global, mas também destaca a importância de ações locais e a colaboração entre diferentes esferas de governo para o futuro do meio ambiente no Brasil. A expectativa é que as decisões tomadas em Cali impactem positivamente as políticas de conservação em Santa Catarina e em todo o país.
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