ABIPESCA aciona Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio para barrar importação de tilápia do Vietnã a preços desleais
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Entrevista com Eduardo Lobo, presidente da ABIPESCA
A Associação Brasileira das Indústrias de Pescado (ABIPESCA) mobilizou sua equipe jurídica em uma iniciativa para conter a importação de tilápia do Vietnã, cujos preços estão substancialmente abaixo dos praticados pelos produtores brasileiros. Em uma reunião com o vice-presidente e Ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, representantes da ABIPESCA discutiram temas cruciais, incluindo a importação em questão, a reoneração da folha e a reestruturação da carreira dos auditores fiscais federais agropecuários.
Eduardo Lobo, presidente da ABIPESCA, concedeu uma entrevista ao Jornal da Guarujá na manhã desta segunda-feira, 22, destacando a gravidade da situação e sua impactante repercussão em todo o setor pesqueiro, especialmente em regiões como Orleans, Urussanga e Grão Pará. O presidente expressou profunda preocupação com a ameaça representada pela importação da tilápia vietnamita, cujo preço está quase 40% mais baixo que o custo de produção nacional.
Lobo ressaltou a necessidade de uma equivalência sanitária, ambiental e de saúde pública, enfatizando que é preciso examinar se o produto importado atende aos mesmos padrões que os produtores nacionais seguem. Ele levantou a possibilidade de aditivos químicos ou práticas de cultivo intensivo no Vietnã, o que poderia representar um risco para a saúde pública e o meio ambiente no Brasil.
Ao ser questionado sobre a comparação com a crise recente do leite no Brasil, o presidente da ABIPESCA destacou: “A gente pode equiparar, mas a gente pode elevar o grau a uma situação muito pior, porque o Brasil é autossuficiente na produção de tilápia para abastecer o seu mercado interno, na sua população. Inclusive a gente exporta o excedente, mas na crise do leite não existia a possibilidade de uma contaminação do rebanho com a importação do leite em pó.”
Lobo reforçou o pedido para a intervenção não apenas do Ministério da Indústria e Comércio, mas também dos Ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura, para interromper a importação e realizar uma avaliação abrangente. Ele ressaltou a importância de uma análise sanitária, ecológica e comercial, afirmando: “Ninguém pode estar concorrendo com alguém que produz 40% mais barato.”
Ao abordar as ações da associação para sensibilizar os representantes brasileiros, Lobo mencionou que a ABIPESCA já acionou a Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA) e a Frente de Apoio à Produção dos Pescados. Ele destacou a importância de uma pressão parlamentar unificada para influenciar as decisões, uma vez que o Ministério da Agricultura é a entidade responsável pela concessão das licenças de importação.
Lobo concluiu ressaltando que, apesar do volume inicial de importação ser pequeno, a preocupação reside na possibilidade de isso ser apenas a “ponta do iceberg”, e a união de esforços é fundamental para evitar consequências mais graves para a indústria pesqueira nacional.
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