Campanha da Fraternidade 2024: “Fraternidade e Amizade Social” – Uma conversa com Dom Adilson Pedro Buzin
A Campanha da Fraternidade de 2024 traz como tema “Fraternidade e Amizade Social” e o lema “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8). Este é o tema da Campanha da Fraternidade deste ano, que completa 60 anos em nível nacional. Para entender melhor o significado e os desafios dessa temática, o Jornal da Guarujá conversou com Dom Adilson Pedro Buzin, Bispo da Diocese de Tubarão.
O Bispo explica que o processo de seleção do tema ocorre dois anos antes da implementação da campanha, através do Conselho Pastoral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Os temas são sugeridos e submetidos a uma votação, sendo escolhido aquele que melhor se alinha com os valores e desafios atuais. Neste caso, “Fraternidade e Amizade Social” surge como um reflexo da encíclica do Papa Francisco, Fratelli Tutti, que busca fomentar a fraternidade em um mundo marcado por conflitos e violências.
“Esse tema da campanha da Fraternidade, que é justamente sobre a amizade social, ele brotou, digamos que é um fruto da encíclica do Papa Francisco, Fratelli Tutti, e que teve bastante repercussão, inclusive no mundo não cristão”, comenta Dom Adilson.
A escolha da Quaresma como período para a realização da campanha não é coincidência, pois representa um momento propício para a reflexão, conversão e reconciliação. Dom Adilson ressalta que a fraternidade não é algo automático, mas sim um objetivo a ser alcançado através de esforço, educação e perdão.
“Na verdade é uma conversão, nós não somos irmãos automaticamente, nós precisamos nos educar, e para isso exige, evidentemente, metas, e esforço também”, destaca o Bispo.
Em um mundo marcado por conflitos, tanto a nível global como local, discutir o social e a irmandade torna-se uma obrigação moral. O Bispo destaca a importância de instituições como a ONU, apesar das limitações que enfrentam diante das inúmeras guerras e conflitos ao redor do mundo.
Às vezes há uma impotência. A gente sabe das guerras maiores, desses conflitos mais mediáticos, mas no mundo há 187 grandes e pequenos conflitos locais, nacionais ou regionais”, compartilha Dom Adilson.
No contexto brasileiro, embora o país não esteja em guerra declarada, há tensões que podem levar a divisões e conflitos, até mesmo dentro das famílias. A fragilidade das relações interpessoais é evidente, e a campanha da fraternidade se apresenta como um esforço para promover a reconciliação e fortalecer os laços de amizade e solidariedade.
“A campanha da fraternidade se coloca dentro desse período como um esforço também de abrirmos o coração, e em nível espiritual, evidente, o perdão, a reconciliação, e é uma penitência também”, destaca o Bispo.
A abordagem inclusiva da campanha permite que temas como reconciliação, diversidade e pluralidade sejam discutidos e refletidos em diversos espaços, incluindo os meios de comunicação, como rádios e jornais. Dom Adilson destaca a importância de reconhecermos nossa origem comum e nos esforçarmos para construir um mundo baseado na fraternidade universal.
“A rádio também está fazendo o seu papel e é essa a intenção também da campanha da fraternidade, ou seja, bem concretamente é abrir a tenda, abrir os espaços para que a gente possa realmente refletir sobre se nós somos todos irmãos”, acrescenta o Bispo.
Ao final da conversa, o Bispo fala sobre como a reconciliação é um processo difícil, mas fundamental para a construção de relacionamentos saudáveis e uma sociedade mais justa e solidária. Ele ressalta que, apesar das diferenças de opinião, é essencial priorizarmos os laços familiares e a harmonia nas relações interpessoais, como base para a construção de um mundo mais fraterno e humano.
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