Corte de R$ 400 milhões nas rodovias de SC: Deputado Matheus Cadorin faz apelo por mudanças no orçamento federal

Em entrevista ao Jornal da Guarujá na manhã desta segunda-feira, 31, o deputado estadual Matheus Cadorin, do Partido Novo, criticou o corte de R$ 400 milhões nas verbas federais destinadas às rodovias de Santa Catarina, uma medida que agrava ainda mais a situação já crítica das infraestruturas logísticas do estado. Cadorin ressaltou a necessidade urgente de mudanças no retorno dos recursos pagos pelos catarinenses à União, uma vez que o valor previsto no orçamento federal de 2025 para o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) em Santa Catarina é de aproximadamente R$ 600 milhões, o menor montante dos últimos dois anos.
“O pacto federativo realmente é algo que sangra em Santa Catarina. Somos o segundo estado que menos recebe de volta dos impostos que mandamos pra Brasília. A gente só perde pra São Paulo, que é o maior de todos. Pra cada R$ 100 que a gente manda, a gente recebe menos de R$ 20 de volta, e São Paulo recebe menos de R$ 10. Isso é algo histórico que precisa ser corrigido”, afirmou Cadorin.
O deputado ainda lamentou o impacto do corte de verbas, que, segundo ele, chega em um momento crítico, com obras essenciais em andamento, como a duplicação das BRs 280, 470, 282 e 153. “A situação das nossas rodovias já é extremamente crítica. A BR-153, a 470, a 280 e a 282 são trechos extremamente importantes e economicamente necessários pra gente continuar crescendo. Santa Catarina não cresce mais porque não tem investimento suficiente em logística. E além de não termos o retorno adequado dos impostos, ainda recebemos um corte de R$ 400 milhões. Nos últimos dois anos, o investimento foi de pouco mais de R$ 1 bilhão, o que já é muito pouco. Agora, vem o anúncio de um corte de quase 50%. Isso realmente é frustrante, nos deixa atônitos”, criticou o deputado.
Cadorin também fez um apelo público para que lideranças políticas e entidades catarinenses se unam em defesa do estado. “Estamos nos movimentando pra que essa nossa revolta chegue até os nossos representantes parlamentares catarinenses, pra que isso seja de alguma forma revertido ou compensado de outra maneira. Não podemos mais aceitar essa situação”, disse.
Sobre as possibilidades de reverter o corte, o deputado destacou o papel da bancada federal catarinense. “O líder da bancada federal catarinense, que é do PT, tem uma boa relação com o presidente da República e com o ministro responsável pelo corte. Nada mais justo do que ele olhar pelos catarinenses e fazer essa intervenção pra que esse corte não aconteça de novo, ou que ele seja revertido ou compensado de outra maneira”, afirmou.
Cadorin também mencionou o exemplo do Porto de Itapoá, onde a iniciativa privada, junto com o Estado, financiou a dragagem do canal da Baía do Bambitonga, como uma alternativa para viabilizar obras essenciais. “Esse é um exemplo claro de como a iniciativa privada pode ajudar. A dragagem do canal do Porto de Itapoá, que era uma obra que o governo federal enrolava há anos, agora vai ser feita com dinheiro privado, em parceria com o Estado. Uma obra de R$ 300 milhões, que vai aumentar a capacidade do porto. Pra mim, já não acredito mais no modelo atual. Trechos como a BR-280 precisam ser estadualizados e concedidos à iniciativa privada. Não tem pedágio mais caro do que uma estrada que não consigo transitar. E é isso que está acontecendo em Santa Catarina”, disse.
Além do corte nas verbas para rodovias, Cadorin também criticou a imposição de cotas para a pesca da tainha, uma prática tradicional de mais de 200 anos em Santa Catarina. “Parece algo pessoal. Santa Catarina tem essa característica de ser eficiente e se virar, mas lá em Brasília isso é visto como se não precisássemos de nada. Isso reflete mal pra gente, porque somos penalizados por ser eficiente. É como se não merecêssemos o retorno dos impostos que geramos”, declarou.
Por fim, Cadorin ressaltou que, embora sua atuação seja como deputado estadual, ele continua buscando formas de mobilizar os parlamentares federais para reverter essa situação. “Já estamos em contato com os deputados federais e senadores catarinenses. A bancada federal discutirá esse tema na próxima reunião. Eu não sei se vamos conseguir reverter o processo, porque o orçamento já foi aprovado, mas a compensação de outra forma é possível. O que queremos é justiça financeira pro nosso estado. Não é justo pedir dinheiro que já é nosso, que já produzimos e não recebemos o retorno. A gente só quer que o nosso estado tenha o que merece”, concluiu.
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