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De tabu a ação: Como o Setembro Amarelo tem salvado vidas e rompido silêncios

Entrevista com o presidente da Cruz Vermelha de Criciúma

Por Rádio Guarujá09/09/2024 14h11
Foto/Reprodução

Em setembro, somos lembrados da importância do Setembro Amarelo, mês dedicado à prevenção ao suicídio. O tema é de extrema relevância, já que transtornos mentais, como estresse severo, quando não tratados, podem levar a situações trágicas, como o suicídio. Identificar esses sinais e oferecer apoio é crucial para salvar vidas. Neste cenário, a Rádio Guarujá  promove a campanha “Três cores, uma causa”, que, durante o mês de setembro, foca na prevenção do suicídio.

Em entrevista ao Jornal da Guarujá na manhã desta segunda-feira, 9, Almir Fernandes de Souza, presidente da Cruz Vermelha de Criciúma e membro de uma equipe multi-institucional , falou sobre a importância de quebrar o tabu em torno do tema. Segundo Almir, até o início da década de 2010, “era um tabu tão grande que até psicólogos e médicos evitavam falar sobre suicídio, acreditando que o tema poderia incentivar novas tentativas. E esse silêncio era prejudicial”.

Souza destacou que, no passado, o suicídio era pouco discutido, tanto na imprensa quanto em áreas acadêmicas, como medicina e psicologia. Ele lembrou que “psicólogos, futuros psicólogos, não tinham noção do problema, porque simplesmente não se falava sobre isso”. Em 2010 e 2011, surgiu a iniciativa pioneira do projeto “Criciúma Viva”, que visava trazer à tona a discussão sobre a prevenção ao suicídio. “Era um movimento que começou a despertar a atenção de todos, e os resultados que ele trouxe foram surpreendentes”, afirmou ele. O presidente da Cruz Vermelha lembra que até 2013, quando o movimento do Setembro Amarelo foi oficialmente introduzido no Brasil pela Sociedade Brasileira de Psiquiatria, o silêncio sobre o tema ainda prevalecia.

O projeto pioneiro “Criciúma Viva”, criado antes da chegada do Setembro Amarelo ao Brasil em 2013, trouxe resultados significativos na redução de casos de suicídio na região. “Lá em 2014, Criciúma registrava de duas a três mortes por semana por suicídio”, disse Almir. A partir da divulgação do movimento, ele notou uma mudança no comportamento das pessoas, que começaram a buscar ajuda. “As estatísticas lá em cima começaram a diminuir, e a sensação de poder salvar vidas era gratificante”. Ele contou que, em um período de 41 dias, não houve nenhum óbito por suicídio na cidade, o que representou uma redução de 84% nas mortes. “Quando você salva uma vida, já vale mais que o mundo todo.”

Almir também destacou que a iniciativa não se limitou a Criciúma, mas se estendeu para as cidades da AMREC, AMESC, e AMUREL. “O projeto ‘Criciúma Viva” se expandiu para essas regiões, abrangendo um número ainda maior de cidades e garantindo que a mensagem de prevenção ao suicídio chegasse a mais pessoas”, explicou ele.

Durante a entrevista, o entrevistado se emocionou  ao relembrar um caso marcante que vivenciou ao dar uma entrevista em uma rádio local. Ele relatou o momento em que recebeu uma ligação de uma senhora prestes a tirar a própria vida: “Eu estava no ar, falando sobre prevenção ao suicídio, quando uma senhora ligou, desesperada. Ela disse: ‘Talvez essa seja a última ligação que eu faça. Estou com uma corda pronta para tirar a minha vida, mas decidi ligar como última chance’”. Nesse momento, a psicóloga que estava participando da entrevista prontamente atendeu a ligação, e a mulher foi acolhida e orientada a buscar ajuda. “Eu lembro que o apresentador, Tony Marques, ficou em lágrimas, assim como eu. E eu disse a ele: ‘Tony, você salvou uma vida hoje. E não só uma, talvez muitas outras que nem sabemos.”

Ele destacou que aquele caso não foi isolado, lembrando que “muitas vezes, não conseguimos mensurar quantas pessoas estão nos ouvindo e sendo tocadas por essas palavras. Pode ser alguém em casa, um caminhoneiro na estrada, ou até mesmo alguém do outro lado do mundo. Mas o importante é que a mensagem chega e, com ela, vem a esperança.”

Almir reforçou a importância de iniciativas como o CVV (Centro de Valorização da Vida), acessível pelo número 188, e outros serviços de apoio, como os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), que oferecem ajuda gratuita e especializada. “Nós precisamos abrir esse diálogo e informar que há sempre ajuda disponível. Temos o CVV, os CAPS, e até mesmo o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar estão capacitados para atender situações de tentativa de suicídio”, destacou.

Por fim, Almir deixou uma mensagem de esperança para aqueles que estão passando por momentos difíceis: “A saída sempre existe. Não deixe que a dor seja um ponto final na sua vida. Diga sim à vida. Envolva-se com sua família, no seu ambiente, com causas sociais, porque isso vai te ajudar a se encontrar novamente. Você não está sozinho, e dias melhores virão.”

Confira entrevista completa

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