Governo Federal retoma taxação de importações de até 50 dólares
Entrevista com Giuliano Donini, Presidente da Câmara de Desenvolvimento da Indústria Têxtil, da Fiesc
O governo federal anunciou a retomada da taxação para importações de produtos de até 50 dólares, medida que entrará em vigor a partir de 1º de agosto de 2024. O imposto, que não incidirá sobre medicamentos comprados por pessoas físicas, foi sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que havia criticado a medida, chamando-a de “irracional.”
Em entrevista ao Jornal da Guarujá na manhã desta quinta-feira, 4 ,Giuliano Donini, Presidente da Câmara de Desenvolvimento da Indústria Têxtil, Confecção, Couro e Calçados da FIESC, analisou os impactos dessa decisão para o setor têxtil. Donini destacou que a medida pode ter efeitos tanto positivos quanto negativos:
“A taxação pode ser vista sob duas perspectivas: por um lado, pode ser um passo positivo frente à competição desleal com produtos importados, mas por outro lado, a taxação ainda é insuficiente para garantir uma verdadeira isonomia entre os produtores nacionais e as importações. Com a cotação atual, 50 dólares equivalem a mais de 275 reais, e é importante refletir sobre o preço médio das roupas compradas por nossos consumidores. A atual taxação de 20% é um avanço, mas ainda está aquém do que seria necessário para uma competição justa.”
O presidente da FIESC ressaltou a relevância do setor têxtil para a economia de Santa Catarina: “Em Santa Catarina, um a cada cinco trabalhadores com carteira assinada está no setor têxtil, o que representa cerca de 180 mil empregos diretos. Além disso, 98% das empresas do estado são micro e pequenas empresas, e essas são particularmente sensíveis a mudanças na política tributária. A previsão é que a falta de uma política de taxação mais robusta possa afetar negativamente a geração de empregos, com um potencial impacto de até 226 mil postos de trabalho em todo o Brasil.”
Sobre a alternativa de reduzir impostos para empresas brasileiras, Donini acredita que a desoneração fiscal seria mais benéfica tanto para as empresas quanto para os consumidores: “A redução de impostos para as empresas brasileiras seria vantajosa para o consumidor final, pois permitiria uma oferta de produtos mais competitivos. A questão não é apenas sobre o setor têxtil, mas sobre a carga tributária que afeta o poder aquisitivo do brasileiro como um todo,” explicou.
Donini também abordou a atuação da FIESC para amenizar os prejuízos ao setor têxtil diante dessa nova taxação. “A FIESC tem o papel de articular com órgãos competentes e informar a sociedade sobre a importância de uma política tributária justa. A nossa missão é garantir que a discussão sobre a taxação e suas implicações para a indústria e o consumidor seja clara e bem fundamentada.”
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